segunda-feira, 25 de março de 2024

Qual a importância de Jacarepaguá para o crime organizado.

O mapa de parte da Zona Oeste produzido pelo Jornal "O Globo" mostra o tamanho da discrepância entre pobres e ricos não apenas em Jacarepaguá, mas no Rio de Janeiro inteiro.


    Quando comecei a escrever o presente texto, me veio a cabeça determinados fatores históricos, sobre a formação dos bairros da Zona Oeste "mais rica" em contraposição ao da Zona Oeste mais pobre aqui do Rio de Janeiro e me vejo este mapa produzido pelo jornal "O Globo" mostrando o quanto a cartografia acaba a serviço dos interesses imobiliários, interesses esses que acabaram por matar Mariele Franco, nessa etapa da apuração do caso, levando a cadeia três autoridades sendo, um delegado de polícia, um deputado federal e um conselheiro do tribunal de contas do Estado do Rio de Janeiro.
    Entender esse caso, na verdade é mergulhar em Jacarepaguá, que alguns chamam carinhosamente de adjacências da Barra da Tijuca, o próprio mapa colocado num jornal de grande circulação do município é confuso, pois coloca Jacarepaguá sem seus bairros mais expressivos: Taquara, Pechinca, Tanque, Anil, Gardênia Azul e Curicica, obviamente por interesses imobiliários.
    É óbvio que não vamos tomar esse mapa como parâmetro, vamos falar do quanto Jacarepaguá é interessante para o tráfico de drogas e as milícias no RJ a ponto de hoje localidades como A Gardênia e Cidade de Deus continuam com guerras deflagradas pelo controle dessas localidade.
  Comecemos, pelo valor imobiliário de Jacarepaguá, partes importantes como as Vargens (pequena e grande), a própria Curicica e as últimas duas regiões citadas, tem ainda um potencial incrível para exploração imobiliária, por isso a câmara dos vereadores que nos últimos 30 anos tem um elemento da família Brazão em seus quadros, é um ponto importante e mirado pelas milícias cariocas.
      Não obstante, para o tráfico de drogas, Jacarepaguá tem seu valor, já que é passagem para Zona Norte além da proximidade com um mercado consumidor bastante interessante (Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, além dos sub bairros mais ricos de Jacarepaguá).
       Pelas apurações federais, Mariele parece ter metido a mão nesse vespeiro, Jacarepaguá sempre foi um barril de pólvora pronto pra explodir e a prisão de dois elementos importantes da família Brazão, deixa claro isso, tanto que nem o governador e nem o prefeito da cidade ousaram se pronunciar a respeito pois ambos, em períodos eleitorais, iam beijar a mão desses senhores.
        Há que se pensar no futuro e na política, sim a política, que conduz essas pessoas ao poder, e que faz essas pessoas se perpetuarem nele, tá mais que na hora, da política se povoada por pessoas que não tenham interesses, e nem dá pra dizer que os interesses dos Brazão eram ocultos, pois qualquer morador sabe exatamente que eles mandavam prender e soltar (além de matar) dentro desse grande bairro da Zona Oeste.

segunda-feira, 11 de março de 2024

Mudar pra pior?!?!?

 

O avanço do Chega de André Ventura, demonstra que existe a pré disposição
do eleitor em mudar, a questão é como mudar?

    A muito tempo, sociólogos e historiadores apontam um avanço acentuado da extrema direita no mundo inteiro, Portugal, uma das últimas fronteiras do socialismo moderno, agora vê o avanço do ultra reacionário Chega, do controverso, caricato e principalmente anti imigrantes André Ventura, algo que analistas políticos não descartavam que fosse acontecer, face a crise econômica e de habitações que assola os lusitanos.
    Na verdade o país que começou essa onda foi a Itália nos tempos do Silvio Berlusconi, um conservador apenas nas palavras, o homem das festas bunga bunga, também pregava uma economia liberal e o ódio aos imigrantes.
    Porém algumas ponderações precisam ser feitas, não sobre o modus operandi da extrema direita, mas sim, sobre essa questão do anseio por mudança dos eleitores no mundo, o problema é o tamanho dessas mudanças e sua relevância, além do impacto sobre a vida futura.
    A extrema direita em muitos países prega uma economia liberal, em amarras ou fronteiras, o que seria bastante salutar, quando as condições de competição entre os países são igualitárias, o que não é efetivamente o caso, o capitalismo nesses países, principalmente os europeus não tem o perfil do capitalismo praticado na américa latina e no Brasil mais especificamente, já que nem o consumidor tem clareza do que é margem de lucro, do que é imposto e do que é insumo de produção, na Europa a adoção do IVA dá essa clareza, caminhamos para isso por aqui.
    As pautas de costumes (droga, aborto, liberdade sexual e de expressão) tem dominado o debate, mostrando que os eleitores confundem muito as coisas, não necessariamente o liberal na economia é conservador nos costumes, além disso, voltando para o exemplo lusitano que se enquadra em todos os outros países europeus, a mão de obra imigrante, se encaixa justamente onde, o local não quer atuar, afinal a mão de obra é extremamente qualificada e no que tange ao mercado de trabalho não afeta tão fortemente a economia local.
    Ainda sim, o totalitarismo, o ultra nacionalismo e o anti semitismo representados por esses países de extrema direita é que propiciam os conflitos que enxergamos atualmente, cabe perguntar: Será que essa sede por mudanças urgentes não atende apenas nossa sede pelo imediato?