terça-feira, 23 de novembro de 2021

A morte como cabo eleitoral.


    Sinceramente eu não compreendo uma sociedade que se alegra com a morte, independente de esta ser uma morte "merecida" ou não.

    Esse parâmetro de avaliar se alguém merece a morte ou não, está ligado exclusivamente a condição social de uma pessoa, isto é, se está está a margem da sociedade, compadece se menos ou mais se este é bandido ou não, isso quando não se parte da premissa de que a pessoa que morreu tem ou não antecedentes criminais, ou mora ou não em uma comunidade conflagrada.

    Acontece que não é de hoje que a morte oriunda de ato relacionada a segurança pública, DÁ VOTO, e quem caça fotos pouco se importa se um grupo em específico está morrendo, VOTO É VOTO.

    Mas será que a gente esquece de terminadas premissas antes de analisar a validade ou não de uma morte por conta de eventos de segurança pública? Furto me (sem trocadinho algum) ao direito de não estabelecer juízo de valor sobre as pessoas, mas olhar as situações com absoluta isenção e calcado na constituição e nas leis vigentes.

    A Constituição Federal, no seu artigo 144, apresenta diversos órgãos que compõe a segurança pública em todo território nacional. Estes órgãos são compostos de atribuições distintas a fim de formar um sistema de segurança distribuídas em diversas competências.

    Eu desafio qualquer um a me mostrar, seja na Constituição ou nas leis Estaduais onde está escrito que POLÍCIA (independente se civil e militar) tem entre suas atribuições MATAR CIDADÃOS independente da licitude ou do crime que os mesmos estiverem ou estejam cometendo.

    Alguém com certeza enojado do que estou dizendo vai usar aquelas frases de efeito que estamos acostumado a ver: "Direitos Humanos é pra humanos direitos", "bandido bom é bandido morto", "Matar policial pode né..." e outras que denotam que a pessoa que está proferindo uma opinião (e no caso sou eu) compactuo com o "mau feito".

    A Questão é como sempre MUITO MAIS COMPLEXA QUE ISSO, e está calcada na capacidade da nossa polícia e dos outros órgãos de segurança pública em INVESTIGAR, OFERECER UMA DENUNCIA PAUPÁVEL E CLARO DEFENDER-SE DE INJUSTA AGRESSÃO (não pelo revide covarde, mas com técnicas capazes de imobilizar os suspeitos possibilitando assim que este possa servir como peça de uma investigação criminal).

    Quando a Polícia Civil (no caso do Jacarezinho) e a Polícia Militar (no caso do Salgueiro de São Gonçalo) entram barbarizando e mostrando todo poder bélico do estado, enchendo a comunidade de bala, mata, até involuntariamente, porém, com um suspeito (mesmo sem antecedentes criminais) morre a possibilidade de uma investigação policial, que poderia quem sabe desbaratar esquemas e quadrilhas. Mas não, a política é SENTA O DEDO e se for bandido vamos comemorar MAIS UM CPF CANCELADO.

    Não estou de forma alguma, dizendo que policial não deve se defender dos tiros que lhe são desferidos pelos marginais, porém todas expertise, todo treinamento, toda capacidade de nossos agentes de segurança é colocada em check quando verificamos que este comportam-se como meros justiceiros, em detrimento do devido processo legal, das devidas investigações e principalmente AO COMPLETO ARREPIO DA LEI, onde o policial se perfaz de POLÍCIA, JULGADOR E EXECUTOR DA SENTENÇA que por muito tempo perpetua que o triplo "P" (preto, pobre e proletário) é apenas um dado nessa equação sinistra.

    E a gente vai se perguntando, SERÁ QUE O PM MACHÃO QUE ENTRA EM GRUPO SENTANDO O DEDO NA FAVELA, TEM A MESMA CORAGEM DE SENTAR O DEDO PRA COIBIR AS DROGAS NOS CONDOMÍNIOS DA ZONA SUL, SERÁ QUE O POLÍCIAL CIVIL QUE ESCRACHA UMA INVESTIGAÇÃO CONTA OS MAIS POBRES, MAS EVOCA SEGREDO NAS INVESTIGAÇÕES CONTRA OS MAIS RICOS.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

CENTRÃO - A ENTIDADE...

 

O excelente cartunista, não tem forma mais clássica de representar o CENTRÃO, mas o que é essa famigerada entidade? 
Vem comigo que eu te explico:  
  
        Para começar, o centrão não é uma entidade constituída, quer dizer, não existe um bloco chamado CENTRÃO, com um líder efetivo, uma cabeça pensante ou um comandante supremo.
        Ele nasceu na assembleia nacional constituinte de 1987, onde um grupo de deputados de perfil fisiologista, alinhavam-se em busca de ganhar cargos e benesses em troca do voto para algo que poderia ser polêmico e requeresse atenção do governo.
    Só que essas necessidades do grupo nunca pararam com a promulgação da carta magna, ao contrário, a boquinha do centrão SEMPRE PARECEU ABERTA, partidos como PFL, PL, PDS, PDC E PTB capitaneados pela ala mais fisiologista do PMDB continuaram a extorquir governos, já que entenderam que a tática de obstruir votações com sua presença (ou não) dava certo.
        Não dá pra explicar a "entidade" Centrão, sem entender um tipo de parlamentar muito comum os que compõe o "baixo clero"
     Para quem não sabe, o Baixo Clero é composto por parlamentares com pouca expressão na Câmara de Deputados, movidos principalmente por interesses provincianos ou pessoais.
        Portanto, não existiria o Centrão, sem seus componentes mais fervorosos, o baixo clero.
        Então de posse dessas informações você consegue entender o que, quem e por quê o Centrão existe.
        Aí cabe a pergunta: Quem se digna a governar com o centrão, deve estar preparado para esse jogo fisiologista, é bom entender por quê o candidato Sergio Moro, já começa a tentar compor com esse bloco (como ilustrado nessa reportagem - https://oglobo.globo.com/politica/existem-pessoas-boas-no-centrao-diz-moro-sobre-cogitar-alianca-com-qualquer-partido-25282053 ) 
        Logo Moro que é, ou era, o bastião da honestidade...